terça-feira, 22 de setembro de 2020

Entendendo Jesus Segundo o Novo Testamento - Parte II

 Servo e Profeta

O contexto de Atos 3.12-26 é a cura do homem à porta Formosa. Este milagre atraiu uma multidão, e Pedro pregou a todos. Iniciou com o fato de que Deus glorificou a "seu Filho Jesus" (v. 13) depois de os judeus de Jerusalém o terem morto. Mataram Jesus, apesar de ser Ele "o Príncipe [ou Autor] da vida" (v. 15). Que paradoxo! Como se pode matar o Originador da vida? Tal não deveria ter ocorrido, mas aconteceu.

"Servo" é outro importante título de Jesus. No v. 13, a palavra grega é pais ("servo", e também "criança"). Algumas versões da Bíblia trazem o termo "Filho" ("criança"), mas, em Atos 3 e 4, "Servo" é mais apropriado. Não foi crucificada a criança, mas o homem Jesus, carregando os pecados do mundo. O contexto exige "servo", pois em Atos 3 uma cristologia do Servo começa a despontar. Note como, a partir do v. 18, as profecias do Antigo Testamento vindicam Jesus como o Messias de maneiras inusitadas para os judeus. Estes esperavam que Cristo reinasse, não que sofresse.

Pedro declara que Jesus voltará (vv. 20,21) - fato não mencionado no cap. 2. E então, depois dessa segunda vinda, Deus restaurará todas as coisas segundo as profecias no Antigo Testamento. Note que não é agora o tempo da restauração de todas as coisas. O texto o coloca claramente no futuro. Quando chegar essa hora, ocorrerá a segunda vinda de Jesus. Começará o Milênio, e toda a realidade da era futura, descrita em vários livros da Bíblia, terá o seu começo. 27

Em seguida, Pedro apresenta Jesus como o Profeta seme­lhante a Moisés (vv. 22,23). Moisés havia declarado: "O SENHOR, teu Deus, te despertará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis" (Dt 18.15). Seria natural dizer que Josué cumpriu essa profecia. Josué, o segui­dor de Moisés, realmente veio depois deste e foi um grande libertador de seu tempo. Surgiu, porém, outro Josué (na língua hebraica, os nomes Josué e Jesus são idênticos).28 Os cristãos primitivos reconheciam Jesus como o derradeiro cumprimento da profecia de Moisés.

No final do capítulo (vv. 25,26), Pedro lembra aos ouvin­tes a aliança com Abraão, muito importante para se enten­der a obra de Cristo: "Vós sois os filhos dos profetas e do concerto que Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra. Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o en­viou a vós, para que nisso vos abençoasse, e vos desviasse, a cada um, das vossas maldades". Claro está que, agora, é Jesus quem traz a bênção prometida e cumpre a aliança com Abraão - e não apenas a Lei dada por meio de Moisés.

TEOLOGIA SISTEMÁTICA STANLEY M. HORTON

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